Em seguida, compartilharemos alguns dos materiais das aulas que o licenciando Jacques deu sobre as novas relações estabelecidas entre europeus, africanos e asiáticos a partir dos séculos XV e XVI, ou seja, a partir da expansão marítima europeia.
Até o século XV as relações entre europeus, africanos e asiáticos se davam essencialmente através de longas rotas terrestres comerciais cujos principais mercadores e intermediários de contatos eram os povos islamizados que se circulavam entre o oceano Índico, o deserto do Saara e o mar Mediterrâneo.
Europeus até então tinham rotas marítimas de curta distância no mar Mediterrâneo e se conectavam com africanos e asiáticos a partir das longas rotas terrestres de comércio. Os contato então até esse período aconteciam através de um espaço longo de tempo. Por exemplo, uma mercadoria que saia do oceano Índico para o continente europeu demorava, muitas vezes, anos para chegar ao destino final.
Porém, quando pensamos no oceano Índico já era evidente rotas marítimas de longa distância que conectavam há séculos africanos e asiáticos diretamente, conforme mapa abaixo (clicar na imagem para ver em tamanho maior).
Oceano Índico: redes comerciais - séculos X ao XVI
Essas relações até então um pouco distantes dos europeus com africanos e asiáticos mudam a partir dos séculos XV e XVI.
As monarquias europeias, inicialmente, de Portugal e Espanha querendo um contato comercial direto com as Índias (oceano Índico) após suas unificações e com a formação de navegadores, se lançam ao mar em direção à Ásia. A partir desse momento, novas rotas marítimas europeias surgem cobrindo longas distâncias em uma menor duração no tempo.
Os portugueses contornam o continente africano entrando em contato com diversos povos e chegam a Ásia também estabelecendo muitos contatos (conforme mapa abaixo no prezi).
Mapa da expansão marítima europeia entre os séculos XV e XVI no PREZI:Clique aqui.
Com essas novas rotas comerciais houve uma maior velocidade nas trocas comerciais e culturais com novas sociedades, muitas até então desconhecidas pelos europeus.
As rotas do mar Mediterrâneo, do deserto do Saara e do oceano Índico não desaparecem, apenas sofrem algumas alterações com o passar do tempo.
A chegada a América também influenciou e muito as novas relações entre europeus, africanos e asiáticos, principalmente, entre os dois primeiros. O comércio de africanos escravizados, um comércio triangular entre Europa, África e América duraria por quatro séculos, do século XVI até o XIX.
A seguir será postado os materiais dos dossiês investigados pela turma.
Link no dropbox para todos os dossiês e fichas de investigação do trabalho realizado em sala pela turma 21C: Clique aqui.
Houve as mais diversas interações culturais entre europeus, africanos e asiáticos desde trocas e choques entre sistemas de valores e religiões totalmente diferentes entre si até trocas de saberes e práticas científicas. Por exemplo:
Reino do Congo: O reino do Congo, um reino africano, a partir do contato com os portugueses teve, por interesse próprio, sua nobreza convertida ao Cristianismo. Os congoleses viam nessa conversão vantagens dentro de seu próprio reino ainda fragmentado em relação ao poder político. Já missionários portugueses entre seus interesses enxergavam tal conversão uma maneira de expandir a fé cristã e criar um reino em África que pudesse bloquear a expansão do Islamismo.
Dom Afonso I, Nzinga Mbemba (1456 – 1542), filho do primeiro rei convertido ao cristianismo Nzinga a Nkuwu, rei do Congo.
Jesuítas no Japão: Outro importante exemplo foram as missões jesuíticas no Japão durante o século XVI-XVII, missionários portugueses entraram e se inseriram com certa facilidade de início no território japonês com o intuito de expandir a fé cristã, porém com as trocas de autoridades (com um novo shogun chamado Hideyoshi que via nos portugueses um mal para a ordem da sociedade japonesa) todos os portugueses, missionários ou comerciantes, foram expulsos do arquipélago. Alguns continuaram, mas foram perseguidos e até assassinados.
“Os 26 mártires do Japão” (monumento em Nagasaki, Japão).
Em meio a essas interações culturais, um jogo político intenso repleto de negociações e conflitos também se deu entre europeus, africanos e asiáticos. Por exemplo:
Rainha Nzinga, rainha do reino africano do Ndongo (localizado na região da atual Angola), foi uma mulher soberana que foi durante anos obstáculo e bloqueio para o interesse de portugueses de criar rotas para o comércio de africanos escravizados do interior do continente para os portos da costa africana. Nzinga entrou em conflitos bélicos com portugueses diversas vezes e vencendo também, recebeu o sacramento do batismo que muitos estudiosos enxergam como estratégia política de negociação, entre outras ações que a mantiveram no poder do reino do Ndongo sem se submeter aos interesses de Portugal até pelo menos sua morte já idosa.
Trailer do filme "Njinga: Rainha de Angola" (filme de 2013) utilizado pelos grupos que investigaram o caso da rainha Nzinga
A invasão holandesa à cidade de Luanda ocorrida no século XVII é um outro exemplo das interações políticas surgidas após a expansão marítima europeia. Os holandeses por volta de 1650 ocupam cidades do Nordeste brasileiro e a cidade de Luanda, atual capital de Angola, simultaneamente prejudicando assim os interesses comerciais de Portugal e de inúmeros colonos brasileiros (ou brasílicos como se chamavam à época os colonos portugueses que viviam ou nasciam no Brasil). A produção açucareira era feita em cidades como Recife e Olinda enquanto a mão-de-obra formada por africanos escravizados era produzida principalmente em Angola. Com tal bloqueio, comerciantes do Rio de Janeiro, liderados por Salvador de Sá, expulsam os holandeses da cidade de Luanda a partir de conflitos armados restabelecendo o comércio entre Brasil e Angola.
O mapa utilizado no último dia dessas aulas (comparação entre mapas dos livros didáticos do 1º ano do CAp) se encontra aqui no prezi: clicar aqui para acessar os mapas.
Pelos estudos de cada caso e discussões feitas em sala, chegamos a algumas conclusões a respeito das novas relações entre europeus, africanos e asiáticos que podem ser sintetizadas pelo seguinte:
Os contatos entre europeus, africanos e asiáticos foram os mais diversos a partir dos séculos XV e XVI. Essas novas relações foram marcadas por contatos diretos entre sociedades muitas vezes desconhecidas umas das outras que entraram em conflito e negociaram muito para que seus interesses fossem concretizados.
Europeus não chegaram a dominar toda a costa africana e e asiática como em muitos lugares nós vemos, foi um processo muito difícil até nas áreas onde eles conseguiram se estabelecer através de muita negociação com aqueles já habitavam esses locais.
A construção da Europa moderna se deu a partir da crise do século XIV envolvendo diversos processos históricos já discutidos em sala. Dentre eles podemos citar o Renascimento Cultural, as Reformas Religiosas e a formação do Estado Moderno. É sobre um aspecto da formação do Estado Moderno europeu que teve como base um Absolutismo Monárquico que iremos retomar uma discussão já realizada em sala.
O processo de formação do Estado Moderno europeu sendo um Estado Absolutista Monárquico se deu de diferentes maneiras por boa parte da Europa, por exemplo, em monarquias como as de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Apesar das diferenças de cada localidade, as representações imagéticas dos monarcas (reis) desses reinos possuem pontos em comum.
Vimos que o poder desses monarcas, na maioria das vezes, não era totalmente "absoluto". Os reis, enquanto chefes das monarquias, só conseguiam governar a partir das relações que eles estabelecia m com sua corte (funcionários, pessoas próximas, súditos em geral, nobres, burgueses e até classes populares negociavam interesses com o rei). Existiam assim, uma certa troca de interesses entre rei e diferentes grupos sociais, não só sua corte, que mantinham o poder de alguma forma centralizado nas mãos do monarca.
Essa centralização de poder, para ser formada e reforçada, necessitava ser representada e vista pela maioria dos diversos grupos sociais. As pinturas em que foram expressas a suntuosidade e ostentação dos reis europeus foram um instrumento para a formação da imagem do rei enquanto monarca absoluto. Toda a suntuosidade vista em adornos de ouro, pedras preciosas, cetros, roupas luxuosas, entre outros símbolos tinham o intuito de representar o tamanho poder do rei que não era totalmente absoluto na realidade.
Abaixo exibimos algumas pinturas de monarcas de Portugal, Espanha, Inglaterra e França. Atentem para a suntuosidade ostentação representada nas pinturas desses reis que viveram entre os séculos XV e XVIII.(cliquem nas imagens para ver em maior resolução)
Entre os reis franceses, cabe destacar a figura de Luís XIV (século XVII-XVIII) que ficou conhecido como "Rei Sol" também devido a sua suntuosidade.
Cabe ainda destacar que conforme o poder dos reis absolutistas foi se consolidando, mais recursos luxuosos foram sendo utilizados para uma afirmação de seus poderes. Mais roupas e adornos de luxo foram sendo utilizados e representados em pinturas.
Estamos aqui postando as imagens trabalhadas na aula do dia 20 de agosto, com o tema: Reformas Religiosas. As imagens destacam o contraste das construções luxuosas das Catedrais e do Papa com roupas luxuosas com pessoas simples, como São Francisco de Assis, que participavam dos movimentos de contestação e por último a imagem da morte de Jan Hus como exemplo de perseguição às heresias. (cliquem nas imagens para uma maior resolução)
Como vimos em sala de aula, entre os
séculos XI e XIII, o mundo feudal passou por transformações que dariam à
sociedade o espaço para a crise que viria no século XIV. O mundo feudal, que se
caracterizava principalmente pela falta de mobilidade social, passaria a ser
questionado pela crescente burguesia que se desenvolvia principalmente devido
ao crescimento do comércio. A Igreja, ao mesmo tempo, passava a tentar se
adaptar a esse novo cenário, com as ordens mendicantes, com a venda de relíquias,
controlando as feiras, entre outras formas.
Abaixo, segue a imagem que
trabalhamos em sala de aula:
"A batalha entre o
Carnaval e a Quaresma"
A cena se passa no mercado de uma
cidade onde se mesclam as atividades do povo e da Igreja. Essa cena foi feita
inspirada no mercado de Flandres, no século XVI, por um artista holandês chamado
Pieter Burgel. Ela está dividida em duas partes. Do lado esquerdo está uma
estalagem e do direito a Igreja, um representa o carnaval e o outro a
quaresma.
Segue abaixo, também, uma lista com
cerca de 40 filmes que tratam do período medieval, feita pelos bolsistas do
Programa de Estudos Medievais da UFRJ. Cada filme foi analisado levando em
conta 3 características consideradas importantes de acordo com a temática de cada filme.
40 filmes sobre a Idade Média: http://www.pem.historia.ufrj.br/arquivo/CatalogoFilmico.pdf
Segue pequeno resumo de dois filmes comentados em sala:
Brancaleone nas Cruzadas, 1970
Paródia que por vezes beira o
pastelão, este filme, bem como seu predecessor, O Incrível Exército de
Brancaleone, acaba por fazer uma grande síntese do período medieval,
focando-se desta vez nos movimentos de guerra direcionados ao Oriente e à
reconquista da Terra Santa.
Em nome de Deus, 1988
O filme retrata a história de amor de
Heloisa, filha de um bispo, e Abelardo, um filósofo. Mostra como funcionavam as
Universidades e a dinâmica de uma cidade feudal.