quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Conquista da América - entrada no continente e críticas à conquista

Abaixo disponibilizamos alguns materiais a respeito da Conquista espanhola da América.

Mapa da Conquista espanhola da América (atenção para a legenda do mapa)

No mapa, temos as regiões marcadas em cores das civilizações pré-colombianas, as primeiras rotas de chegada (Cristovão Colombo) e de conquista (Cortés, Pizarro e Almagro). Também são identificados no mapa os pontos de resistência nativa e vitória daqueles que já habitavam o continente americano antes da chegada dos espanhóis.


E abaixo, temos alguns dos primeiros relatos sobre os nativos da América - que Colombo chamou de "índios", por acreditar estar nas Índias - que descreviam-nos como pessoas de aparência, costumes e valores diferentes daqueles conhecidos na Europa. Esses relatos, ao mesmo tempo em que revelam a surpresa dos europeus, fornecem informações sobre o modo de vida dos antigos habitantes das Antilhas, região de ilhas onde hoje estão países como Cuba, Jamaica, Haiti e outros.

Geralmente, têm pouquíssima barba e belíssimas pernas, e são duros de pele. As mulheres têm as tetas mui redondas, duras e bem feitas. Estas, geralmente, quando dão à luz, levam imediatamente seus filhos para a água, para lavá-los e lavar-se a si mesmas, e não se lhes enxuga o ventre por causa do parto, senão que lhe fica sempre terso, e assim as tetas. Vão totalmente nus, porém é verdade que as mulheres, quando já conheceram varão, cobrem-se na frente com folhas de árvore ou com um pedaço de pano de algodão [...] Comem todos os animais brutos e venenosos, como serpentes de 15 a 20 gramas cada uma; e quando topam com mais grossas, são comidas por elas. Quando querem comer as ditas serpentes, as cozinham no meio de duas madeiras em assado; nós, faltando-nos o que comer, as temos comido, e nos pareceram boníssimas, e têm a carne branquíssima. Comem também cachorro, que não são demasiadamente bons. Assim mesmo, comem cobras, lagartos e aranhas [...] caranguejos venenosos [...] comem como pão aquelas raízes grossas [mandiocas] que são parecidas com os nosso nabos [...] e sua bebida é água [...] suas facas são pedras afiadas. [...] nem sabem o que seja Deus nem diabo. Vivem mesmo como bestas; quando têm fome, comem; fazem o coito sem recato algum quando lhes dá a vontade, e fora dos irmãos e irmãs, todos os demais são comuns. Não são invejosos [...];
(Miguel de Cuneo, Relação, 1495.)

Os cristãos davam-lhes de bofetadas, de punhos e de paus, até pôr as mãos nos senhores dos povoados. E chegou isto a tanta temeridade e desavergonha que ao maior rei [cacique], senhor de toda a ilha, um capitão cristão violou por força a própria mulher dele [...] os cristãos, com seus cavalos e espadas e lanças, começavam a fazer matanças e crueldades estranhas neles. Entravam nos povoados, nem deixavam meninos nem velhas, nem mulheres grávidas nem paridas que não desbarrigassem e faziam em pedaços, como se fossem cordeiros metidos nos seus apriscos. Faziam apostas sobre quem de uma cutelada abria o homem pelo meio, ou cortava a cabeça dele de um só pique, ou lhe descobria as entranhas. Tomavam as criaturas [os bebês] das tetas das mães pelas pernas, batiam suas cabeças nas pedras. Outros jogavam-nas nos rios pelos ombros, rindo e burlando, e ao cair nas águas, eles diziam "mexe, corpo de tal"; em outras criaturas eles enfiavam a espada com as mães juntamente, e todos quanto diante de si encontravam. Faziam umas forças largas, que juntassem quase os pés na terra, e de treze em treze, em honra e reverência a Nosso Redentor e aos doze apóstolos, pondo-lhes lenha e fogo os queimavam vivos. Outros atavam e ligavam todo o corpo com palha seca: pegando-se-lhes fogo, assim os queimavam [...].

(Frei Bartolomeu de Las Casas, op. cit.. 1542.)






Um comentário:

  1. Esse material me foi no dia de hoje quase dez anos depois da sua postagem. Eu como graduando em História agradeço. Um abraço do extremo Sul.

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