segunda-feira, 29 de setembro de 2014

As novas relações entre europeus, africanos e asiáticos a partir dos séculos XV e XVI (aula do Jacques)

Olá a todos.

Em seguida, compartilharemos alguns dos materiais das aulas que o licenciando Jacques deu sobre as novas relações estabelecidas entre europeus, africanos e asiáticos a partir dos séculos XV e XVI, ou seja, a partir da expansão marítima europeia.

Até o século XV as relações entre europeus, africanos e asiáticos se davam essencialmente através de longas rotas terrestres comerciais cujos principais mercadores e intermediários de contatos eram os povos islamizados que se circulavam entre o oceano Índico, o deserto do Saara e o mar Mediterrâneo.
Europeus até então tinham rotas marítimas de curta distância no mar Mediterrâneo e se conectavam com africanos e asiáticos a partir das longas rotas terrestres de comércio. Os contato então até esse período aconteciam através de um espaço longo de tempo. Por exemplo, uma mercadoria que saia do oceano Índico para o continente europeu demorava, muitas vezes, anos para chegar ao destino final.

Porém, quando pensamos no oceano Índico já era evidente rotas marítimas de longa distância que conectavam há séculos africanos e asiáticos diretamente, conforme mapa abaixo (clicar na imagem para ver em tamanho maior).

Oceano Índico: redes comerciais - séculos X ao XVI
Essas relações até então um pouco distantes dos europeus com africanos e asiáticos mudam a partir dos séculos XV e XVI. 

As monarquias europeias, inicialmente, de Portugal e Espanha querendo um contato comercial direto com as Índias (oceano Índico) após suas unificações e com a formação de navegadores, se lançam ao mar em direção à Ásia. A partir desse momento, novas rotas marítimas europeias surgem cobrindo longas distâncias em uma menor duração no tempo.
Os portugueses contornam o continente africano entrando em contato com diversos povos e chegam a Ásia também estabelecendo muitos contatos (conforme mapa abaixo no prezi).

  • Mapa da expansão marítima europeia entre os séculos XV e XVI no PREZI: Clique aqui.

Com essas novas rotas comerciais houve uma maior velocidade nas trocas comerciais e culturais com novas sociedades, muitas até então desconhecidas pelos europeus. 
As rotas do mar Mediterrâneo, do deserto do Saara e do oceano Índico não desaparecem, apenas sofrem algumas alterações com o passar do tempo.

A chegada a América também influenciou e muito as novas relações entre europeus, africanos e asiáticos, principalmente, entre os dois primeiros. O comércio de africanos escravizados, um comércio triangular entre Europa, África e América duraria por quatro séculos, do século XVI até o XIX.

A seguir será postado os materiais dos dossiês investigados pela turma.


  • Link no dropbox para todos os dossiês e fichas de investigação do trabalho realizado em sala pela turma 21C: Clique aqui.

Houve as mais diversas interações culturais entre europeus, africanos e asiáticos desde trocas e choques entre sistemas de valores e religiões totalmente diferentes entre si até trocas de saberes e práticas científicas. Por exemplo:

  • Reino do Congo: O reino do Congo, um reino africano, a partir do contato com os portugueses teve, por interesse próprio, sua nobreza convertida ao Cristianismo. Os congoleses viam nessa conversão vantagens dentro de seu próprio reino ainda fragmentado em relação ao poder político. Já missionários portugueses entre seus interesses enxergavam tal conversão uma maneira de expandir a fé cristã e criar um reino em África que pudesse bloquear a expansão do Islamismo.
Dom Afonso I, Nzinga Mbemba (1456 – 1542),
filho do primeiro rei convertido ao cristianismo Nzinga a Nkuwu, rei do Congo.

  • Jesuítas no Japão: Outro importante exemplo foram as missões jesuíticas no Japão durante o século XVI-XVII, missionários portugueses entraram e se inseriram com certa facilidade de início no território japonês com o intuito de expandir a fé cristã, porém com as trocas de autoridades (com um novo shogun chamado Hideyoshi que via nos portugueses um mal para a ordem da sociedade japonesa) todos os portugueses, missionários ou comerciantes, foram expulsos do arquipélago. Alguns continuaram, mas foram perseguidos e até assassinados.

“Os 26 mártires do Japão” (monumento em Nagasaki, Japão).


Em meio a essas interações culturais, um jogo político intenso repleto de negociações e conflitos também se deu entre europeus, africanos e asiáticos. Por exemplo:


  • Rainha Nzinga, rainha do reino africano do Ndongo (localizado na região da atual Angola), foi uma mulher soberana que foi durante anos obstáculo e bloqueio para o interesse de portugueses de criar rotas para o comércio de africanos escravizados do interior do continente para os portos da costa africana. Nzinga entrou em conflitos bélicos com portugueses diversas vezes e vencendo também, recebeu o sacramento do batismo que muitos estudiosos enxergam como estratégia política de negociação, entre outras ações que a mantiveram no poder do reino do Ndongo sem se submeter aos interesses de Portugal até pelo menos sua morte já idosa.
Trailer do filme "Njinga: Rainha de Angola" (filme de 2013) utilizado pelos grupos que investigaram o caso da rainha Nzinga

  • A invasão holandesa à cidade de Luanda ocorrida no século XVII é um outro exemplo das interações políticas surgidas após a expansão marítima europeia. Os holandeses por volta de 1650 ocupam cidades do Nordeste brasileiro e a cidade de Luanda, atual capital de Angola, simultaneamente prejudicando assim os interesses comerciais de Portugal e de inúmeros colonos brasileiros (ou brasílicos como se chamavam à época os colonos portugueses que viviam ou nasciam no Brasil). A produção açucareira era feita em cidades como Recife e Olinda enquanto a mão-de-obra formada por africanos escravizados era produzida principalmente em Angola. Com tal bloqueio, comerciantes do Rio de Janeiro, liderados por Salvador de Sá, expulsam os holandeses da cidade de Luanda a partir de conflitos armados restabelecendo o comércio entre Brasil e Angola.

O mapa utilizado no último dia dessas aulas (comparação entre mapas dos livros didáticos do 1º ano do CAp) se encontra aqui no prezi: clicar aqui para acessar os mapas.

Pelos estudos de cada caso e discussões feitas em sala, chegamos a algumas conclusões a respeito das novas relações entre europeus, africanos e asiáticos que podem ser sintetizadas pelo seguinte:

Os contatos entre europeus, africanos e asiáticos foram os mais diversos a partir dos séculos XV e XVI. Essas novas relações foram marcadas por contatos diretos entre sociedades muitas vezes desconhecidas umas das outras que entraram em conflito e negociaram muito para que seus interesses fossem concretizados.
Europeus não chegaram a dominar toda a costa africana e e asiática como em muitos lugares nós vemos, foi um processo muito difícil até nas áreas onde eles conseguiram se estabelecer através de muita negociação com aqueles já habitavam esses locais.

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