sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Indíos no Brasil

Oi pessoal, boa tarde!

Como comentei hoje em sala, estou publicando aqui no blog o vídeo "Quem são eles?" da série vídeo nas aldeais. Espero que gostem.



O primeiro programa dessa série traz à tona, por meio de entrevistas com populares em diversas partes do país, o desconhecimento e os estereótipos do senso comum sobre a realidade indígena que está na base do processo de discriminação sofrido por estas comunidades. 

Bárbara

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Conquista da América - entrada no continente e críticas à conquista

Abaixo disponibilizamos alguns materiais a respeito da Conquista espanhola da América.

Mapa da Conquista espanhola da América (atenção para a legenda do mapa)

No mapa, temos as regiões marcadas em cores das civilizações pré-colombianas, as primeiras rotas de chegada (Cristovão Colombo) e de conquista (Cortés, Pizarro e Almagro). Também são identificados no mapa os pontos de resistência nativa e vitória daqueles que já habitavam o continente americano antes da chegada dos espanhóis.


E abaixo, temos alguns dos primeiros relatos sobre os nativos da América - que Colombo chamou de "índios", por acreditar estar nas Índias - que descreviam-nos como pessoas de aparência, costumes e valores diferentes daqueles conhecidos na Europa. Esses relatos, ao mesmo tempo em que revelam a surpresa dos europeus, fornecem informações sobre o modo de vida dos antigos habitantes das Antilhas, região de ilhas onde hoje estão países como Cuba, Jamaica, Haiti e outros.

Geralmente, têm pouquíssima barba e belíssimas pernas, e são duros de pele. As mulheres têm as tetas mui redondas, duras e bem feitas. Estas, geralmente, quando dão à luz, levam imediatamente seus filhos para a água, para lavá-los e lavar-se a si mesmas, e não se lhes enxuga o ventre por causa do parto, senão que lhe fica sempre terso, e assim as tetas. Vão totalmente nus, porém é verdade que as mulheres, quando já conheceram varão, cobrem-se na frente com folhas de árvore ou com um pedaço de pano de algodão [...] Comem todos os animais brutos e venenosos, como serpentes de 15 a 20 gramas cada uma; e quando topam com mais grossas, são comidas por elas. Quando querem comer as ditas serpentes, as cozinham no meio de duas madeiras em assado; nós, faltando-nos o que comer, as temos comido, e nos pareceram boníssimas, e têm a carne branquíssima. Comem também cachorro, que não são demasiadamente bons. Assim mesmo, comem cobras, lagartos e aranhas [...] caranguejos venenosos [...] comem como pão aquelas raízes grossas [mandiocas] que são parecidas com os nosso nabos [...] e sua bebida é água [...] suas facas são pedras afiadas. [...] nem sabem o que seja Deus nem diabo. Vivem mesmo como bestas; quando têm fome, comem; fazem o coito sem recato algum quando lhes dá a vontade, e fora dos irmãos e irmãs, todos os demais são comuns. Não são invejosos [...];
(Miguel de Cuneo, Relação, 1495.)

Os cristãos davam-lhes de bofetadas, de punhos e de paus, até pôr as mãos nos senhores dos povoados. E chegou isto a tanta temeridade e desavergonha que ao maior rei [cacique], senhor de toda a ilha, um capitão cristão violou por força a própria mulher dele [...] os cristãos, com seus cavalos e espadas e lanças, começavam a fazer matanças e crueldades estranhas neles. Entravam nos povoados, nem deixavam meninos nem velhas, nem mulheres grávidas nem paridas que não desbarrigassem e faziam em pedaços, como se fossem cordeiros metidos nos seus apriscos. Faziam apostas sobre quem de uma cutelada abria o homem pelo meio, ou cortava a cabeça dele de um só pique, ou lhe descobria as entranhas. Tomavam as criaturas [os bebês] das tetas das mães pelas pernas, batiam suas cabeças nas pedras. Outros jogavam-nas nos rios pelos ombros, rindo e burlando, e ao cair nas águas, eles diziam "mexe, corpo de tal"; em outras criaturas eles enfiavam a espada com as mães juntamente, e todos quanto diante de si encontravam. Faziam umas forças largas, que juntassem quase os pés na terra, e de treze em treze, em honra e reverência a Nosso Redentor e aos doze apóstolos, pondo-lhes lenha e fogo os queimavam vivos. Outros atavam e ligavam todo o corpo com palha seca: pegando-se-lhes fogo, assim os queimavam [...].

(Frei Bartolomeu de Las Casas, op. cit.. 1542.)






quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Povos originários da América Espanhola à época da conquista

A seguir, compartilharemos os materiais das aulas referentes aos povos originários da América à época da conquista espanhola.

ASTECAS

Os Astecas foram povos da região atual do sul dos EUA que  inicialmente se estabeleceram na região da América Central, a partir do estabelecimento nessa região e a formação de um império, os astecas se expandiram pelos povos vizinhos entre os séculos XII e XV (de acordo com o segundo mapa sobre o império asteca, o segundo mapa dessa postagem). Assim surgiram uma espécie de "confederação", uma subordinação de povos com diferentes línguas, costumes e religiões. Exemplo: zapotecas e mixtecas, na costa do Pacífico; totonacas, no Golfo do México



Os povo submetidos não foram destruídos, o que ocorria era que a estrutura militar era destruída, mas as estruturas socioeconômicas eram mantidas. A base econômica da sociedade asteca era o pagamento de tributos das comunidades subordinadas. Tributos que eram os mais diversos e que seguiam uma quantidade específica anualmente, dentre os quais podemos destacar: milho, feijão, cacau, armas, penas, madeira e etc.




A fonte de recursos para os astecas eram os tributos pagos pelas sociedades subordinadas. Assim, a guerra é fundamental para a ascensão social de tal sociedade que através de conflitos e batalhas conseguiam mais grupos submetidos, logo mais tributos arrecadados. Abaixo identificamos o deus ligado a guerra dos astecas, Huitzilopochtli.


A sociedade asteca tinha sua organização social bem estratificada como podemos visualizar pelo esquema abaixo:


As cidades construídas e organizadas pela sociedade asteca foram de grande expressividade arquitetônica e de engenharia com base na relações de trabalhos já identificadas em sala de aula. Abaixo imagens representando a capital de Tenochtitlán e ruínas de outra cidade asteca.



INCAS

O Império Inca foi um império americano de grandiosa extensão pela costa oeste da América do Sul, chegando a ultrapassar a extensão territorial do antigo Império Romano. 



Diferentemente dos astecas, os incas incorporaram militarmente outros Estados, impondo uma unidade política, econômico-social e religiosa. Ex: chimús, no litoral norte do atual Peru; urús e aimarás, das margens do Titicaca; e quéchuas, maior contingente do império. Existiam vários elementos para impor a dominação: da violência à afirmação religiosa de que o “imperador” era o filho do Sol.

Abaixo as estruturas rígidas social e administrativa dos Incas e representações do Imperador, filho do Sol.



As cidades incas foram também cidades de alta complexidade que envolviam relações de trabalho específicas. “O Estado requeria grandes contingentes de mão de obra para as construções de centros urbanos, fortalezas, caminhos, pontes, terraços e canais de irrigação, bem como para sua manutenção. Para isso, era utilizada a “Mita”, um serviço pessoal e periódico feito ao Inca durante um tempo prefixado (durava de dois a três meses).”



É de extrema importância termos em mente que não apenas essas sociedades foram as que existiram no continente americano quando os espanhóis chegaram em 1492 e deram inicio a conquista. Diversas outras sociedades com diferentes modos e visões de mundo também habitavam esse continente até então desconhecido pelos europeus. E ressaltar também que essas diversas sociedades estabeleceram relações, quando possível (visto que muitas foram dizimadas pelo contato), de conflito ou negociações com espanhóis.



terça-feira, 30 de setembro de 2014

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

As novas relações entre europeus, africanos e asiáticos a partir dos séculos XV e XVI (aula do Jacques)

Olá a todos.

Em seguida, compartilharemos alguns dos materiais das aulas que o licenciando Jacques deu sobre as novas relações estabelecidas entre europeus, africanos e asiáticos a partir dos séculos XV e XVI, ou seja, a partir da expansão marítima europeia.

Até o século XV as relações entre europeus, africanos e asiáticos se davam essencialmente através de longas rotas terrestres comerciais cujos principais mercadores e intermediários de contatos eram os povos islamizados que se circulavam entre o oceano Índico, o deserto do Saara e o mar Mediterrâneo.
Europeus até então tinham rotas marítimas de curta distância no mar Mediterrâneo e se conectavam com africanos e asiáticos a partir das longas rotas terrestres de comércio. Os contato então até esse período aconteciam através de um espaço longo de tempo. Por exemplo, uma mercadoria que saia do oceano Índico para o continente europeu demorava, muitas vezes, anos para chegar ao destino final.

Porém, quando pensamos no oceano Índico já era evidente rotas marítimas de longa distância que conectavam há séculos africanos e asiáticos diretamente, conforme mapa abaixo (clicar na imagem para ver em tamanho maior).

Oceano Índico: redes comerciais - séculos X ao XVI
Essas relações até então um pouco distantes dos europeus com africanos e asiáticos mudam a partir dos séculos XV e XVI. 

As monarquias europeias, inicialmente, de Portugal e Espanha querendo um contato comercial direto com as Índias (oceano Índico) após suas unificações e com a formação de navegadores, se lançam ao mar em direção à Ásia. A partir desse momento, novas rotas marítimas europeias surgem cobrindo longas distâncias em uma menor duração no tempo.
Os portugueses contornam o continente africano entrando em contato com diversos povos e chegam a Ásia também estabelecendo muitos contatos (conforme mapa abaixo no prezi).

  • Mapa da expansão marítima europeia entre os séculos XV e XVI no PREZI: Clique aqui.

Com essas novas rotas comerciais houve uma maior velocidade nas trocas comerciais e culturais com novas sociedades, muitas até então desconhecidas pelos europeus. 
As rotas do mar Mediterrâneo, do deserto do Saara e do oceano Índico não desaparecem, apenas sofrem algumas alterações com o passar do tempo.

A chegada a América também influenciou e muito as novas relações entre europeus, africanos e asiáticos, principalmente, entre os dois primeiros. O comércio de africanos escravizados, um comércio triangular entre Europa, África e América duraria por quatro séculos, do século XVI até o XIX.

A seguir será postado os materiais dos dossiês investigados pela turma.


  • Link no dropbox para todos os dossiês e fichas de investigação do trabalho realizado em sala pela turma 21C: Clique aqui.

Houve as mais diversas interações culturais entre europeus, africanos e asiáticos desde trocas e choques entre sistemas de valores e religiões totalmente diferentes entre si até trocas de saberes e práticas científicas. Por exemplo:

  • Reino do Congo: O reino do Congo, um reino africano, a partir do contato com os portugueses teve, por interesse próprio, sua nobreza convertida ao Cristianismo. Os congoleses viam nessa conversão vantagens dentro de seu próprio reino ainda fragmentado em relação ao poder político. Já missionários portugueses entre seus interesses enxergavam tal conversão uma maneira de expandir a fé cristã e criar um reino em África que pudesse bloquear a expansão do Islamismo.
Dom Afonso I, Nzinga Mbemba (1456 – 1542),
filho do primeiro rei convertido ao cristianismo Nzinga a Nkuwu, rei do Congo.

  • Jesuítas no Japão: Outro importante exemplo foram as missões jesuíticas no Japão durante o século XVI-XVII, missionários portugueses entraram e se inseriram com certa facilidade de início no território japonês com o intuito de expandir a fé cristã, porém com as trocas de autoridades (com um novo shogun chamado Hideyoshi que via nos portugueses um mal para a ordem da sociedade japonesa) todos os portugueses, missionários ou comerciantes, foram expulsos do arquipélago. Alguns continuaram, mas foram perseguidos e até assassinados.

“Os 26 mártires do Japão” (monumento em Nagasaki, Japão).


Em meio a essas interações culturais, um jogo político intenso repleto de negociações e conflitos também se deu entre europeus, africanos e asiáticos. Por exemplo:


  • Rainha Nzinga, rainha do reino africano do Ndongo (localizado na região da atual Angola), foi uma mulher soberana que foi durante anos obstáculo e bloqueio para o interesse de portugueses de criar rotas para o comércio de africanos escravizados do interior do continente para os portos da costa africana. Nzinga entrou em conflitos bélicos com portugueses diversas vezes e vencendo também, recebeu o sacramento do batismo que muitos estudiosos enxergam como estratégia política de negociação, entre outras ações que a mantiveram no poder do reino do Ndongo sem se submeter aos interesses de Portugal até pelo menos sua morte já idosa.
Trailer do filme "Njinga: Rainha de Angola" (filme de 2013) utilizado pelos grupos que investigaram o caso da rainha Nzinga

  • A invasão holandesa à cidade de Luanda ocorrida no século XVII é um outro exemplo das interações políticas surgidas após a expansão marítima europeia. Os holandeses por volta de 1650 ocupam cidades do Nordeste brasileiro e a cidade de Luanda, atual capital de Angola, simultaneamente prejudicando assim os interesses comerciais de Portugal e de inúmeros colonos brasileiros (ou brasílicos como se chamavam à época os colonos portugueses que viviam ou nasciam no Brasil). A produção açucareira era feita em cidades como Recife e Olinda enquanto a mão-de-obra formada por africanos escravizados era produzida principalmente em Angola. Com tal bloqueio, comerciantes do Rio de Janeiro, liderados por Salvador de Sá, expulsam os holandeses da cidade de Luanda a partir de conflitos armados restabelecendo o comércio entre Brasil e Angola.

O mapa utilizado no último dia dessas aulas (comparação entre mapas dos livros didáticos do 1º ano do CAp) se encontra aqui no prezi: clicar aqui para acessar os mapas.

Pelos estudos de cada caso e discussões feitas em sala, chegamos a algumas conclusões a respeito das novas relações entre europeus, africanos e asiáticos que podem ser sintetizadas pelo seguinte:

Os contatos entre europeus, africanos e asiáticos foram os mais diversos a partir dos séculos XV e XVI. Essas novas relações foram marcadas por contatos diretos entre sociedades muitas vezes desconhecidas umas das outras que entraram em conflito e negociaram muito para que seus interesses fossem concretizados.
Europeus não chegaram a dominar toda a costa africana e e asiática como em muitos lugares nós vemos, foi um processo muito difícil até nas áreas onde eles conseguiram se estabelecer através de muita negociação com aqueles já habitavam esses locais.