segunda-feira, 14 de julho de 2014

Feudalismo: a Europa entre os séculos V e XI

 A partir da dissolução do Império Romano, numa confluência entre diversos problemas internos e quase um século de invasões e guerras contra os povos germânicos, o território europeu é reorganizado em reinos vastos. Muitos dos povos que habitam esses reinos só sedentarizam-se nesse período, deixando hábitos nômades para trás e adaptando-se a uma vida quase sempre rural.


Esses reinos apresentam um desafio: são territórios vastos que precisam ser geridos e organizados de forma eficiente. A principal solução encontrada para garantir essa organização foi a concessão de Feudos. 

A princípio, o Rei podia conceder uma porção de terra que seria administrada e organizada pelo nobre que a recebia. Ao conceder a terra o rei tornava-se SUSERANO de quem a recebia. Esse, por sua vez, passava a condição de VASSALO desse Rei. 

As relações de suserania e vassalagem eram estabelecidas por juramento e todos os envolvidos tinham obrigações bem definidas. Em tempo vale lembrar que durante o período observado a fragmentação política e a desmonetarização da sociedade, que havia se ruralizado, eram fatores que ajudaram a transformar a posse de terras na maior riqueza possível de se possuir àquele momento, logo não se podia conceder um feudo a qualquer um: as relações de suserania e vassalagem só eram possíveis entre homens nobres.

Ao longo dos séculos, essa rede de vassalos e suseranos foi se complexificando: fosse por casamento, por herança ou por outro motivo os feudos multiplicavam-se, bem como as redes de solidariedade entre suseranos e vassalos.



Outro tipo de relação acontecia, entretanto, entre nobres e camponeses. Desde os temporomanos, era comum que camponeses colocassem-se sob a tutela de um senhor a fim de garantir proteção, em caso de guerra, e acesso à terra. A essa relação, entre senhor e servo, chamamos SERVIDÃO. 

Senhor e servo são sujeitos socialmente distintos, as relações que se estabelecem entre esses dois grupos não são, portanto, relações em pé de igualdade. Apesar de precisar do servo enquanto força produtiva (serão eles que executarão todo tipo de trabalho no feudo), os senhores detêm os meios para controlar o trabalho e garantir, muitas vezes por meio da força, que a ordem fosse mantida. 

Um último elemento que precisamos considerar é a composição dessa sociedade. 


É preciso que se desfaçam os estereótipos e que se entenda a sociedade medieval para além da divisão clássica entre clero, nobreza e camponeses. Faz mais sentido que se observe que entre o grupo mais privilegiado estão o grandes detentores de terras, os suseranos com muitos vassalos e alianças valorosas – muitos membros do alto clero da Igreja Católica farão parte desse grupo, bem como os grandes senhores militares.
Nem toda nobreza e nem todo clero, no entanto, é detentora de tantas terras assim. O segundo grupo é composto de senhores juramentados aos grandes suseranos, segundos filhos (já que as grandes heranças eram dos primogênitos), cavaleiro nobres, bem como da elite intelectual do período, composta principalmente de monges.
Por último, sustentando essa sociedade, temos as classes populares: camponeses e trabalhadores livres de todo tipo (lavradores, comerciantes, sapateiros, costureiros, fiadores, padeiros, etc.).